O cenário automotivo brasileiro está prestes a passar por mudanças significativas com a possível reintrodução do chamado carro popular. O governo federal planeja lançar, em breve, dois programas que visam impulsionar a indústria nacional e tornar os veículos mais acessíveis. Entre as iniciativas, destacam-se o IPI Verde, voltado para veículos com baixa emissão de poluentes, e o Programa Carro Sustentável, que propõe a redução de impostos para modelos 1.0 flex de baixo custo.
Essas medidas surgem em um momento de desafios para o setor automotivo, marcado por preços elevados e restrições de crédito. O objetivo principal é incentivar a produção local e ampliar o acesso da população a automóveis novos, especialmente aqueles que apresentam melhor eficiência energética e menor impacto ambiental.
Como funcionará o Programa Carro Sustentável?
O Programa Carro Sustentável prevê a diminuição ou até mesmo a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos nacionais equipados com motor 1.0 aspirado, potência máxima de 90 cavalos, boa eficiência no consumo de combustível e baixos índices de emissão de poluentes. Para se enquadrar, os automóveis também precisam atender a critérios de reciclabilidade de materiais e eficiência energética estabelecidos pelo governo.
Entre os modelos que podem ser beneficiados, estão opções populares de diferentes marcas, como Fiat Mobi, Volkswagen Polo, Chevrolet Onix, Renault Kwid, Peugeot 208, Citroën C3 e Hyundai HB20. Esses veículos já figuram entre os mais vendidos do país e, com a redução de impostos, tendem a se tornar ainda mais competitivos no mercado.
Quais veículos ficam de fora dos incentivos?
Apesar do foco ambiental, o programa não contempla carros 100% elétricos, mesmo aqueles que já possuem preços mais acessíveis, como o Renault Kwid E-Tech e o BYD Dolphin Mini. Modelos com motor turbo, potência superior a 90 cv, importados ou que não atendam aos critérios mínimos de sustentabilidade também não serão incluídos nos benefícios fiscais.
- Elétricos: Continuam sujeitos à tributação normal.
- Turbo: Veículos com motor turbo não se enquadram.
- Importados: Apenas modelos fabricados no Brasil podem participar.
- Eficiência energética: Critérios técnicos limitam a participação.

Essa seleção busca priorizar a produção nacional e estimular a venda de veículos que atendam a padrões mais rígidos de sustentabilidade, sem abrir mão do controle sobre o impacto ambiental.
Carro popular: qual o histórico dessa categoria no Brasil?
A ideia de um automóvel acessível com incentivos fiscais não é nova no país. Desde a década de 1960, o governo federal já buscava formas de facilitar o acesso ao carro próprio, lançando programas que ofereciam subsídios e financiamentos. Naquela época, surgiram modelos simplificados, como o DKW Pracinha e o Volkswagen Fusca Pé de Boi, que ofereciam apenas o básico para rodar.
Nos anos 1990, a redução do IPI para veículos de até 999 cm³ impulsionou a popularização de modelos como o Fiat Uno Mille. Posteriormente, o segmento foi fortalecido com o relançamento do Fusca e a chegada de opções como o Chevrolet Corsa. Contudo, a partir da década de 2010, mudanças nas regras de segurança e emissões, além de crises econômicas, elevaram os preços e reduziram a oferta de carros populares.
- 1965: Primeiros incentivos para carros básicos.
- 1990: Redução do IPI para veículos pequenos.
- Década de 2010: Novas exigências e aumento de preços.
- 2025: Proposta de retomada com critérios ambientais.
O que esperar do retorno do carro popular em 2025?
Com a implementação do Programa Carro Sustentável, espera-se um novo impulso para a indústria automotiva nacional. A expectativa é que a redução de impostos favoreça o aumento das vendas, especialmente para frotistas e locadoras, que já representam uma parcela significativa do mercado. No entanto, não há garantia de que os descontos serão repassados integralmente ao consumidor final, já que a regulamentação ainda está em discussão.
O anúncio oficial das medidas deve ocorrer nas próximas semanas, com previsão de vigência até o final de 2026. A iniciativa busca equilibrar a necessidade de estimular a economia, promover a sustentabilidade e ampliar o acesso ao automóvel, mesmo diante das limitações impostas pelos critérios técnicos e ambientais. O setor acompanha com atenção os próximos passos e as possíveis transformações no perfil dos veículos disponíveis no Brasil.