Nas próximas semanas, uma transformação climática significativa está prevista para o Brasil e o continente americano, impulsionada pela Oscilação de Madden-Julian (OMJ). A OMJ é um dos principais modos de variação atmosférica da região tropical, descoberta na década de 1970. Esse fenômeno compreende uma onda que se desloca ao longo da linha do Equador, de oeste para leste, em ciclos que variam entre 30 e 60 dias. Durante esses ciclos, a OMJ alterna entre fases de formação intensa e reduzida de nuvens e tempestades, impactando diretamente o padrão meteorológico global.
No Brasil, a presença da OMJ deverá trazer um aumento na instabilidade climática, especialmente nas áreas tropicais. Cidades que enfrentaram longos períodos de seca, como Brasília, poderão finalmente experimentar chuvas significativas. As áreas do Centro-Oeste, Sudeste e sul da Amazônia, habitualmente secas nesta fase do ano, serão beneficiadas com chuvas intermitentes. Entretanto, embora haja previsão de pancadas de chuva irregulares, alguns municípios podem enfrentar tempestades isoladas e nuvens de poeira decorrentes dessas tempestades.
Como o Sul do Brasil será impactado?
Mais ao sul, onde setembro já é caracterizado por um elevado índice pluviométrico, a influência da OMJ resultará em um incremento ainda maior das precipitações. Entre os dias 19 e 27 de setembro, as regiões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina poderão registrar volumes elevados de chuva, elevando o risco de alagamentos e outros transtornos. Adicionalmente, o sul do Brasil não estará imune à formação de ciclones extratropicais, fenômeno que a oscilação favorece. Assim, a ocorrência de um ciclone adicional nessas áreas até o final do mês é uma possibilidade concreta.
A OMJ e sua conexão com ciclones tropicais
A influência da OMJ também se estende aos ciclones tropicais no Caribe e Golfo do México. Durante sua fase ativa, a oscilação intensifica a convecção tropical, criando condições propícias para a formação de tempestades e intensificando a temporada de furacões no Atlântico Norte. A partir do Hemisfério Norte, a oscilação tem o potencial de aumentar a quantidade de furacões, ao passo que, no Hemisfério Sul, existe a possibilidade de potencializar a formação de ciclones extratropicais.

Quais são os efeitos globais da OMJ?
A OMJ não apenas impacta as regiões tropicais, mas também interfere nos padrões climáticos em latitudes médias. No Brasil, sua atuação pode alterar a estação chuvosa e influenciar episódios de Zonas de Convergência do Atlântico Sul. Além disso, dependendo de sua fase, a OMJ pode intensificar ou mitigar os efeitos de fenômenos como El Niño e La Niña. Quando ativa, essa oscilação intensifica a formação de nuvens e aumenta as chuvas, enquanto sua inatividade prolonga os períodos secos, inibindo a formação de tempestades.
Por que a compreensão da OMJ é importante?
Entender o funcionamento e os impactos da OMJ é crucial para prever e mitigar desastres naturais ocasionados pelas mudanças climáticas globais e regionais. Sua influência sobre a atmosfera tropical e as possíveis consequências para as zonas de convecção e tempestades destacam a necessidade de estudos contínuos, aprimoramentos em modelos climáticos e estratégias de adaptação que auxiliem no planejamento urbano e agrícola, necessárias para minimizar os impactos sobre a sociedade.