O livro “Esperança“, a primeira autobiografia de um papa, chega às livrarias brasileiras em um momento inesperado. Originalmente planejada para ser lançada após a morte de Francisco, a obra foi antecipada devido ao Jubileu de 2025, um ano especial para os católicos. Escrita em colaboração com o editor Carlo Musso, a autobiografia reúne depoimentos do papa entre 2019 e 2024, oferecendo uma visão pessoal e acessível de suas mensagens e experiências.
Especialistas destacam o valor do livro em consolidar as principais mensagens de Francisco, apresentadas de forma simples e direta. O padre jesuíta James Martin observa que a obra revela o lado mais pessoal do papa, enquanto o vaticanista Filipe Domingues vê a autobiografia como um símbolo de esperança, refletindo a vida normal e inspiradora de Francisco. O sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto destaca a humildade do papa, enquanto o historiador Gerson Leite de Moraes considera o livro uma oportunidade para Francisco deixar seu legado para a posteridade.
Qual é o conteúdo de “Esperança”?
O livro narra a trajetória de Francisco desde sua infância em Buenos Aires até sua eleição como o primeiro papa latino-americano. Francisco reflete sobre temas importantes, como a preservação do meio ambiente, o acolhimento das minorias e a simplificação da hierarquia da Igreja. Embora não traga muitas novidades para quem já acompanha sua história, a autobiografia oferece a oportunidade de ouvir essas histórias na voz do próprio papa.
Francisco também compartilha suas influências culturais, citando autores como Jorge Luis Borges e Zygmunt Bauman, além de expressar seu amor pela música e pelo cinema. O ecletismo do papa é evidente, mostrando sua conexão com diversas formas de arte e pensamento.
Histórias pessoais e lições de vida
Francisco compartilha histórias pessoais que moldaram sua visão de mundo. Sua sensibilidade em relação aos marginalizados tem raízes em sua biografia, desde sua infância em um bairro multicultural até sua proximidade com comunidades vulneráveis como padre e bispo. Ele também narra encontros marcantes, como sua amizade com uma ex-prostituta que se tornou cuidadora de idosos.
O papa reflete sobre momentos de remorso, como quando não atendeu a uma antiga empregada doméstica ou quando evitou um amigo da família no leito de morte. Essas histórias revelam a humanidade de Francisco e sua capacidade de aprendizado e crescimento pessoal.

Como Francisco se tornou papa?
Francisco relata os dias que antecederam sua eleição como papa, em 2013. Apesar de não ser considerado um dos favoritos, sua fala improvisada sobre a necessidade de a Igreja olhar para as periferias chamou a atenção dos cardeais. Ele descreve o processo de votação como entediante, preferindo rezar o terço durante a apuração.
Após sua eleição, Francisco escolheu o nome em homenagem a São Francisco de Assis, inspirado por um conselho do cardeal brasileiro Claudio Hummes. Desde então, o papa tem se destacado por suas quebras de protocolo e por um pontificado marcado pela simplicidade e pela proximidade com os fiéis.
O legado de Francisco
Francisco não imaginava que seu pontificado seria tão longo e produtivo. Em seus quase 12 anos como papa, ele escreveu encíclicas, cartas e exortações apostólicas, além de realizar viagens a mais de sessenta países. Sua primeira viagem ao Brasil foi especialmente marcante.
O livro “Esperança” não apenas narra a vida de Francisco, mas também reforça as causas que ele defende, buscando dar relevância à Igreja em tempos desafiadores. Com um estilo acessível e convidativo, a autobiografia oferece uma visão íntima e inspiradora de um líder religioso que continua a influenciar milhões de pessoas ao redor do mundo.