Desde sua estreia na Netflix, a minissérie britânica “Adolescência” tem capturado a atenção de milhões de espectadores ao redor do mundo. Com mais de 40 milhões de acessos, a série não apenas se tornou um sucesso de audiência, mas também provocou discussões intensas sobre temas delicados e urgentes da sociedade atual, como a influência dos discursos de ódio entre os jovens nativos digitais.
A trama gira em torno de um assassinato brutal de uma menina, com o principal suspeito sendo um colega de escola de apenas 13 anos, Jamie. A narrativa começa com a polícia invadindo a casa do garoto, uma família de classe média que desconhece completamente o que está por vir. A partir desse ponto, a vida de todos os envolvidos é irrevogavelmente transformada.
Como a minissérie aborda temas delicados?
Cada episódio de “Adolescência” explora diferentes momentos da história, desde a prisão de Jamie até o aniversário de seu pai, Eddie. O formato inovador de filmagem em planos-sequência, sem cortes, permite uma imersão profunda na perspectiva dos personagens, destacando o talento do elenco e a direção de Philip Barantini. Este estilo de filmagem realça a tensão e a complexidade emocional dos eventos retratados.
A atuação de Owen Cooper, no papel de Jamie, tem sido amplamente elogiada por sua capacidade de capturar a raiva e a vulnerabilidade do personagem. Um dos momentos mais marcantes ocorre no terceiro episódio, durante uma sessão com a terapeuta Briony, onde a tensão atinge seu ápice.
Quais são as repercussões da série na vida real?
A série tem gerado discussões significativas fora das telas. Adriana Barros, psicóloga especializada em crianças e adolescentes, relata que muitos pais e jovens têm procurado sua clínica para discutir os temas abordados na minissérie. A obra levanta questões sobre a vulnerabilidade dos jovens em um mundo digital sem limites claros, onde discursos de ódio podem ter consequências devastadoras.
Além disso, a série também toca na importância do diálogo entre pais e filhos. Alessandra Andrade, mãe de duas crianças, destaca como a série a fez refletir sobre a necessidade de criar um espaço de comunicação aberta com seus filhos, especialmente em um mundo onde as redes sociais desempenham um papel tão central nas vidas dos jovens.
Como a tecnologia afeta as relações familiares?
O professor Hiccaro Rodrigues utiliza a série como ferramenta educacional para discutir a “presença ausente” dos pais, um fenômeno em que, apesar da proximidade física, a conexão emocional é mínima devido ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos. Ele alerta que, ao contrário de décadas passadas, o perigo agora está dentro de casa, acessível através de um simples clique.
“Adolescência” não apenas desbancou grandes produções cinematográficas e de streaming, mas também se estabeleceu como um fenômeno cultural e comportamental significativo em 2025. A série convida a uma reflexão profunda sobre os desafios e responsabilidades de criar jovens em um mundo cada vez mais digitalizado.