A região de Vilcabamba, localizada no sudeste do Peru, continua a ser um campo de estudo fascinante para os pesquisadores da cultura Inca. Situada nas montanhas próximas à antiga capital, Cusco, esta área abrigou diversas cidades estratégicas durante o auge do império Inca. Muitas dessas cidades já foram exploradas, como Machu Picchu, descoberta por Hiram Bingham em 1911. No entanto, ainda existem mistérios a serem desvendados, como a localização exata do refúgio final do último soberano inca, Tupac Amaru.
Tupac Amaru, conhecido por sua resistência contra os conquistadores espanhóis, lutou até a morte em 1572. Seu pai, Manco Inca, havia fugido de Cusco décadas antes, estabelecendo uma frente de resistência em Vilcabamba. A cidade homônima, onde Tupac Amaru fez sua última resistência, permanece um enigma para os arqueólogos. Recentemente, um grupo de pesquisadores liderado por Peter Frost e Alfredo Valencia Zegarra pode ter feito uma descoberta significativa que pode lançar luz sobre este mistério.
O Sítio Arqueológico de Cerro Victoria
Localizado a cerca de 35 quilômetros de Machu Picchu, o sítio arqueológico no Cerro Victoria foi avistado pela primeira vez por Frost e o explorador Scott Gorsuch em 1999. Após dois anos de preparação, uma expedição financiada pela National Geographic Society conseguiu explorar a área em junho do ano passado. O sítio, que se estende por 6 quilômetros quadrados a uma altitude de mais de 3.600 metros, pode ter sido um importante gueto de defesa inca.
O Cerro Victoria apresenta uma série de características que o destacam como um potencial baluarte inca. A disposição urbana inclui edifícios circulares, muros, plataformas cerimoniais, estradas, canais de água, terraços de cultivo e túmulos com artefatos incaicos. A presença de cerâmica de dois períodos distintos, datando de cerca de 1200 e do século 16, sugere uma ocupação contínua e significativa.

Por que o Cerro Victoria é Importante?
O Cerro Victoria pode ser o maior e mais significativo sítio inca descoberto desde as ruínas de Vilcabamba La Vieja, encontradas por Gene Savoy em 1964. A localização estratégica da montanha, com vistas espetaculares dos Andes e proximidade de minas de prata, pode ter sido escolhida pelos incas tanto por razões práticas quanto espirituais. As cerimônias de adoração aos cumes nevados ao redor eram uma prática comum entre os incas, e o Cerro Victoria pode ter servido como um observatório para tais eventos.
Desafios da Expedição e Futuras Pesquisas
A expedição ao Cerro Victoria foi uma verdadeira aventura. O acesso difícil, a quatro dias de caminhada da estrada mais próxima, contribuiu para o misticismo do local. Os exploradores enfrentaram o cânion Apurimac, de 3.300 metros de profundidade, e utilizaram mulas para transportar suprimentos. Apesar das dificuldades, o local não era desconhecido para os nativos, com duas famílias indígenas vivendo na área, conhecida por eles como Coryhuayrachina.
Peter Frost e sua equipe planejam retornar ao Cerro Victoria para uma expedição maior, a fim de realizar novas pesquisas. Com mais estudos, eles esperam desvendar um dos capítulos mais importantes e obscuros da história inca, fornecendo novas pistas sobre a ocupação e resistência nesta região remota.