Um novo estudo realizado pela Universidade de Miami trouxe à tona preocupações significativas sobre a integridade estrutural de edifícios na costa de Miami. A pesquisa, divulgada pelo Miami Herald, alerta que diversos condomínios de luxo e hotéis estão afundando a uma velocidade alarmante. Esta situação é particularmente preocupante na região de Sunny Isles, onde quase 70% das propriedades são afetadas.
Entre os edifícios que apresentaram afundamento, destacam-se a Trump Tower III e o Trump International Beach Resorts, com algumas construções tendo descido quase oito centímetros entre 2016 e 2023. Os pesquisadores sugerem que esse fenômeno pode estar relacionado ao aumento do nível do mar, que por sua vez acelera a erosão do calcário, rocha sobre a qual grande parte do sul da Flórida está assentada.
Qual é a Relação Entre o Afundamento e o Nível do Mar?
A pesquisa foi inicialmente motivada pelo desejo de compreender se o afundamento dos prédios já ocorria antes do colapso das Champlain Towers em 2021, um evento que resultou na morte de 98 pessoas e se tornou a falha estrutural mais fatal da história dos Estados Unidos. Curiosamente, não havia sinais de afundamento na estrutura das Champlain Towers, desassociando o fenômeno daquele trágico colapso.
No entanto, outros edifícios próximos demonstraram afundamentos de dois a oito centímetros durante o mesmo período. Esta observação alimenta o debate sobre os efeitos do aumento do nível do mar e a erosão do calcário como fatores que aceleram o afundamento, embora não sejam os únicos responsáveis.
Implicações para Estruturas Novas e Antigas
Outro ponto intrigante revelado pelo estudo é o fato de muitas das estruturas afetadas serem relativamente novas, construídas após 2014. Isso sugere que o próprio processo de construção pode estar influenciando o afundamento, enquanto prédios mais antigos poderiam estar sofrendo impactos decorrentes de obras realizadas nas proximidades.
A natural compressão do solo causada pelo peso das edificações é esperada, mas uma condição conhecida como “subsidência diferencial” — onde o afundamento é desigual — pode resultar em danos consideráveis. Exemplos de sinais de subsidência diferencial incluem rachaduras em paredes e portas e janelas que não fecham corretamente.
Quais são os Impactos no Longo Prazo?
Embora os efeitos a longo prazo do afundamento em Miami ainda sejam incertos, o potencial para danos estruturais e econômicos é significativo. Paul Chinowsky, professor de engenharia civil na Universidade de Colorado Boulder, destacou em entrevista ao Miami Herald que a questão provavelmente é mais extensa do que se imagina.
A necessidade de monitoramento contínuo e de estratégias de mitigação para tratar dessas questões estruturais tornam-se cada vez mais urgentes. Investimentos em tecnologia de monitoramento e construção adaptativa podem ser essenciais para minimizar os riscos futuros associados ao afundamento.