Em determinadas regiões do planeta, viver sob temperaturas extremamente baixas é a rotina de milhares de pessoas. Em locais como Oymyakon e Yakutsk, ambas situadas na Rússia, o inverno transforma cada saída de casa em um verdadeiro desafio. Mesmo nos meses compreendidos como primavera no hemisfério norte, não é raro os termômetros marcarem valores negativos, exigindo adaptações constantes dos habitantes.
No interior da Sibéria e em territórios próximos ao Círculo Polar Ártico, o frio atinge níveis que desafiam até a infraestrutura mais robusta. Nessa realidade, a preparação para enfrentar o clima inclui roupas especiais, mudanças no modo de vida e até mesmo adaptações urbanas, já que grande parte da população das cidades afetadas vive sobre o permafrost, um solo permanentemente congelado.
Quais são as cidades mais frias do mundo?
No ranking das cidades mais geladas do planeta, algumas localidades se destacam pelos extremos atingidos nas temperaturas médias anuais e pelos recordes históricos registrados. Oymyakon, localizada no leste da Sibéria, é frequentemente citada como a cidade habitada mais fria do mundo, tendo alcançado incríveis -71,2°C em 1924. Sua população enfrenta invernos longos, com médias em torno de -45°C, e verões que mal superam os -14,2°C.
Outra referência importante é Yakutsk, também situada na Sibéria. Essa cidade, com população superior a 280 mil habitantes em 2025, está erguida sobre o permafrost e enfrenta longos períodos de frio rigoroso. Entre outras cidades que figuram nesta lista estão Verkhoyansk, também na Rússia, Klinck na Groenlândia, além de locais como Snag e Yellowknife no Canadá, Steinkjer na Noruega, Ulan Bator na Mongólia e Harbin na China, todas marcadas pela predominância de temperaturas negativas durante grande parte do ano.
Veja alguns exemplos notáveis:
- Oymyakon (Rússia): até -71,2°C registrado;
- Yakutsk (Rússia): média invernal de -40°C;
- Klinck (Groenlândia): recorde de -69,6°C em 1991;
- Snag (Canadá): termômetros chegaram a -63°C em 1947;
- Steinkjer (Noruega): longa temporada de frio intenso;
- Harbin (China): mantém esculturas de gelo o ano inteiro.

Que desafios enfrentam os moradores dessas cidades geladas?
O cotidiano nas cidades com temperaturas extremamente baixas vai além do simples incômodo do frio. A exposição prolongada ao clima exige medidas rigorosas para proteção da saúde, como o uso constante de roupas térmicas, gorros, luvas e botas. O cuidado com a pele e partes expostas do corpo é prioritário, já que o risco de congelamento é alto mesmo durante trajetos curtos ao ar livre. Fenômenos como cabelos e cílios congelando são comuns, enquanto no ambiente escolar, as aulas são canceladas quando os termômetros atingem marcas abaixo de -46,7°C.
Além disso, a infraestrutura local precisa ser pensada para resistir às baixas temperaturas. Edifícios são construídos sobre estacas para evitar o contato direto com o solo congelado, tubulações são protegidas contra o congelamento e diversas atividades ao ar livre tornam-se inviáveis durante os meses mais rigorosos do inverno. Serviços essenciais, como o abastecimento de água, eletricidade e transporte, dependem de soluções técnicas inovadoras para operar de forma eficiente nessas condições extremas.
Por que algumas dessas cidades continuam crescendo mesmo enfrentando frio extremo?
Mesmo diante de desafios climáticos tão severos, muitos desses centros urbanos continuam crescendo e atraindo novos moradores. Isso se deve a diferentes fatores econômicos, sociais e culturais. Algumas cidades possuem atividades econômicas estratégicas, como a mineração e a extração de recursos naturais, que demandam mão de obra constante. Além disso, incentivos governamentais, como subsídios para moradia e infraestrutura adaptada ao frio, contribuem para a permanência e aumento da população local.
O desenvolvimento de tecnologias adaptadas e a construção de uma identidade cultural forte em torno do inverno também têm papel relevante. Festivais de inverno, turismo relacionado ao frio e eventos como esculturas de gelo ou atividades esportivas típicas tornam esses locais pontos de interesse global. Assim, a relação dos moradores com o frio extremo se transforma em parte fundamental do cotidiano e também da própria cultura regional.
Quais curiosidades permeiam a vida nessas cidades mais frias?
Muitos aspectos do dia a dia se tornam singulares nessas cidades. É comum, por exemplo, veículos permanecerem ligados ao relento o tempo todo para evitar que o motor congele. Restaurantes oferecem pratos ricos em calorias, essenciais para enfrentar o frio intenso. Ficar muito tempo exposto ao ar livre pode causar “frostbite”, caso a pele desprotegida entre em contato com o ar gelado. Animais de estimação recebem cuidados especiais, e é comum a adaptação de áreas internas para recreação, já que passeios diários ao ar livre podem ser arriscados.
Por todo o mundo, pequenas e grandes cidades adaptam-se ao inverno extremo de maneiras inovadoras. Populações de locais como Helsinki, Barrow, Winnipeg, Nuuk e Nursultan (atual Astana) reforçam como é possível construir rotinas e tradições mesmo sob as temperaturas mais baixas da Terra, mostrando uma notável capacidade de adaptação diante de adversidades climáticas.