O setor automobilístico brasileiro enfrenta desafios únicos, bastante influenciados pelo que se denomina “custo-Brasil“. Este termo abarca não apenas os impostos diretos sobre produtos, como o IPI, mas também uma complexa rede de tributações que incidem ao longo de toda a cadeia produtiva. Ao comparar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos entre 1.0 a 2.0 movidos a gasolina no Brasil com outras nações, nota-se uma discrepância significativa. Enquanto no Brasil a alíquota chega a 27,3%, países como a Alemanha e Japão apresentam taxas bem menores, respectivamente de 16% e 9,1%.
A carga tributária no Brasil não se limita apenas aos impostos sobre o produto final. Como observa o consultor automotivo Ricardo Bacellar, há uma oneração adicional relevante nas transações intermediárias e, especialmente, no âmbito das folhas de pagamento. As empresas enfrentam um custo tributário de aproximadamente 80% sobre a folha salarial, o que é consideravelmente elevado. Este fator é particularmente crítico em uma indústria que emprega mais de um milhão de pessoas, impactando diretamente os custos finais dos veículos.
Como a logística afeta o custo dos automóveis no Brasil?
A logística é outra área onde o custo-Brasil se manifesta fortemente. Em um país de dimensões continentais, a dependência do transporte rodoviário é preponderante, com cerca de 60% da economia movendo-se por estradas. Esta realidade encarece a movimentação de mercadorias e materiais. Além disso, a dinâmica dos preços dos combustíveis e o uso frequente de diesel subsidiado adicionam outra camada de complexidade e custos.
Carros nacionais ou importados: qual a diferença de custo?
Engana-se quem pensa que carros fabricados nacionalmente são desvinculados das influências externas. Muitos veículos produzidos no Brasil contêm significativa quantidade de componentes importados. Elementos como minérios e borrachas são geralmente indexados ao dólar, intensificando a vulnerabilidade do setor a flutuações cambiais. Essa interdependência global exacerba os custos de produção e, por consequência, os preços ao consumidor final.

Quais são as perspectivas para a indústria automobilística brasileira?
As perspectivas para o futuro do setor automobilístico no Brasil estão entrelaçadas com a evolução do cenário tributário e econômico. Reduções de impostos ou reformulações na estrutura tributária poderiam aliviar parte das pressões atuais. Além disso, investimentos em infraestrutura e alternativas mais sustentáveis de transporte poderiam beneficiar não apenas a logística automotiva, mas também o desenvolvimento econômico como um todo. Olhando adiante, a capacidade de inovação e adaptação da indústria será crucial para navegação bem-sucedida em um ambiente repleto de desafios.
Portanto, a questão dos custos no setor automobilístico brasileiro envolve uma confluência de fatores tributários, logísticos e de importação que juntos compõem o conhecido custo-Brasil. Sem mudanças estruturais significativas, tanto nos impostos quanto na infraestrutura, esse continuará sendo um desafio para os produtores e consumidores de veículos no país.