Nos últimos anos, a presença das marcas chinesas no mercado automotivo europeu tem registrado um crescimento expressivo, alterando significativamente as preferências dos consumidores no continente. De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Escalent no primeiro semestre de 2025, há um aumento marcante no interesse dos europeus por carros chineses, superando pela primeira vez o interesse por veículos de origem americana. Esse estudo abrangeu países como Reino Unido, Alemanha, França, Espanha e Itália, evidenciando uma mudança de paradigma em um mercado anteriormente dominado por potências ocidentais.
A pesquisa indica que 47% dos entrevistados consideram a possibilidade de adquirir um veículo de uma marca chinesa, contrastando com 44% que ainda mostram preferência pelos modelos americanos. Este cenário é uma inversão em comparação com 2024, quando a preferência pelos carros dos Estados Unidos era substancialmente maior. Esse aumento no interesse pelos automóveis chineses vem acompanhado de uma crescente confiança nos produtos oriundos da China, embora ainda modesta em comparação com as marcas tradicionais. A taxa de confiança subiu para 19%, enquanto a confiança nos carros americanos caiu para 24%.
Quais fatores estão influenciando essa mudança?
Especialistas sugerem que as tensões geopolíticas e comerciais entre Estados Unidos e Europa estão contribuindo para essa mudança de percepção. As disputas diplomáticas afetam diretamente a imagem dos produtos americanos, enquanto as montadoras chinesas têm se beneficiado de uma estratégia agressiva de entrada em mercados maduros, oferecendo diversidade e inovação tecnológica. Além disso, o preço acessível dos veículos chineses desempenha um papel crucial nesse crescimento de interesse.
Desafios enfrentados pelas marcas chinesas
A despeito do progresso alcançado, as marcas chinesas ainda precisam superar algumas barreiras significativas. A pesquisa revela que 72% dos consumidores europeus esperam que os carros chineses custem menos do que os modelos que já adquiriram, e apenas uma pequena parcela (13%) estaria disposta a pagar mais por um carro chinês, mesmo que ofereça desempenho superior. Isso sugere que marcas que oferecem modelos mais econômicos, como MG e BYD, têm uma vantagem competitiva no mercado europeu.

Entretanto, a entrada de veículos de luxo representa um desafio maior. A marca Aito, por exemplo, com seu SUV M9 cotado a cerca de 80 mil dólares, enfrenta uma resistência considerável diante de marcas já consolidadas como Mercedes-Benz e BMW. A percepção de prestígio e legado dessas marcas europeias ainda representa um obstáculo significativo para o segmento de luxo chinês.
O impacto do Salão de Munique.
O Salão de Munique (IAA) de 2025 destacou-se pela presença robusta de marcas chinesas, ilustrando a ambição dessas montadoras em expandir sua participação na Europa. Com anúncios de lançamentos como o Aion V pela GAC, fica claro o interesse em capitalizar sobre mercados considerados maduros e competitivos. A presença no evento reforça a intenção estratégica de se consolidarem no mercado europeu, oferecendo não apenas variedade, mas também tecnologias de ponta.
Os dados obtidos até o momento traçam um panorama indicativo de que as montadoras chinesas estão começando a equilibrar a balança em um dos mercados mais disputados globalmente. A publicação completa da pesquisa da Escalent, prevista para o final do trimestre, trará à luz insights adicionais sobre as tendências e preferências dos consumidores europeus, bem como as reais possibilidades de crescimento para as marcas chinesas no cenário automotivo europeu.