Desde julho de 2025, uma importante transformação movimenta o cenário automotivo brasileiro. O anúncio do Programa Carro Sustentável pelo governo federal trouxe uma nova política que oferece isenção total do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos compactos considerados sustentáveis, fabricados no Brasil. A proposta busca incentivar a produção nacional e ampliar o acesso a modelos populares e ambientalmente responsáveis. Montadoras já encaminharam seus modelos elegíveis ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), permitindo que consumidores encontrem opções mais acessíveis e alinhadas às normas ambientais atuais.
De acordo com a regulamentação, que será válida até o fim de 2026, somente carros que atendam a regras bem definidas terão direito ao benefício fiscal. Os descontos, que podem chegar a R$ 13 mil, abrangem modelos de marcas reconhecidas, como Volkswagen, Renault, Fiat, Hyundai e Chevrolet. Além de estimular vendas, a medida pretende fortalecer a indústria automotiva do país ao mesmo tempo que obriga avanços em sustentabilidade. A movimentação, segundo projeções do setor, deverá influenciar inclusive a escolha do consumidor e a renovação da frota circulante no Brasil.
Como funciona o IPI zero para carros populares?
Para que modelos sejam beneficiados pela isenção do IPI, é necessário que sigam quatro critérios principais. Primeiramente, o automóvel deve apresentar emissões de dióxido de carbono inferiores a 83g por quilômetro rodado. Outro requisito é a composição, pois mais de 80% dos materiais usados no veículo precisam ser recicláveis. Além disso, apenas veículos montados em território nacional participam do programa, exigindo processos como soldagem, pintura, fabricação do motor e montagem em solo brasileiro. Por fim, os carros elegíveis devem pertencer à classe de modelos compactos, englobando subcompactos, utilitários compactos ou picapes pequenas.
O processo para obter o benefício começa com o pedido de credenciamento das fabricantes junto ao MDIC, indicando quais veículos seguem as normas estabelecidas. Recebendo aprovação, a lista dos automóveis aptos será publicada em portaria oficial, liberando as concessionárias a venderem os produtos já com o desconto integral aplicado. A iniciativa visa garantir que apenas veículos alinhados com metas ambientais e de eficiência produtiva tenham acesso ao incentivo fiscal.
Quais montadoras aderiram ao Programa Carro Sustentável?
Grandes fabricantes já apresentaram respostas rápidas ao novo cenário tributário. A Volkswagen, por exemplo, foi pioneira ao anunciar estratégias para aplicar o desconto do IPI em carros de entrada, como Polo Track e Polo Robust, ajustando preços para baixo e ampliando o acesso. A Renault incluiu o Kwid em diversas versões com descontos que superam R$ 11 mil, e a Fiat lançou campanhas promocionais que chegam a 13% de abatimento sobre o preço original em modelos como o Mobi Like.
A Hyundai também adaptou suas tabelas, com opções da família HB20 apresentando reduções que ultrapassam R$ 12 mil em alguns casos. Embora a Chevrolet ainda não tenha detalhado os valores e versões, já confirmou que os futuros lançamentos, incluindo o novo Onix 2026, contarão com a isenção, sinalizando um movimento de ajuste em larga escala entre montadoras presentes no país.
O que muda para veículos fora das regras de isenção?
Para automóveis que não se enquadram nos critérios do carro sustentável, uma nova sistemática de cálculo do IPI foi estabelecida. O governo estipulou alíquotas-base diferenciadas: 6,3% para veículos de passeio e 3,9% para utilitários leves, ajustadas conforme indicadores como eficiência energética, tecnologia do sistema de propulsão, potência, grau de segurança e percentual de materiais reciclados.
Na prática, veículos que obtiverem melhores classificações nestes quesitos poderão ter descontos adicionais no IPI, enquanto os menos eficientes verão o tributo aumentar. Por exemplo, se um carro híbrido-flex apresentar elevado índice de reciclabilidade e eficiência, a alíquota poderá ser reduzida substancialmente, tornando-o mais acessível. O objetivo é ampliar o estímulo à modernização da frota e à incorporação de tecnologia, promovendo competitividade no mercado e benefícios ambientais.
- Emissão de CO₂: critério-chave para prioridade na isenção.
- Índice de reciclabilidade: valor acima de 80% dos materiais aplicados.
- Produção nacional: montagem e fabricação de etapas essenciais no Brasil.
- Categoria do veículo: restrito a compactos e utilitários leves.
Como o Programa Carro Sustentável pode impactar o mercado brasileiro?
O lançamento do programa representa uma tentativa de impulsionar rapidamente o segmento de automóveis, conciliando estímulos econômicos com preocupações voltadas ao meio ambiente. Especialistas estimam que cerca de 60% dos veículos vendidos até 2025 já se encaixam nas novas regras, o que representa potencial de transformação significativa para a indústria e consumidores. O incentivo, ainda, pode resultar em benefícios fiscais sem aumentar o déficit público, segundo as previsões das autoridades.
Outra expectativa é o fortalecimento da cadeia produtiva local, já que todo o ciclo de fabricação passa a ser valorizado, e a busca por tecnologias mais limpas se intensifica. A maior oferta de veículos com enfoque sustentável tende a incentivar consumidores a optar por alternativas menos poluentes e mais econômicas, renovando a frota e contribuindo para a redução de impactos ambientais no trânsito urbano brasileiro.