Em abril de 2025, uma nova tarifa de 25% sobre veículos importados entrará em vigor nos Estados Unidos, medida que promete alterar significativamente o cenário automotivo no país. Esta decisão, tomada durante o governo Trump, visa proteger a indústria automotiva local, mas levanta preocupações sobre o impacto nos preços e nas margens de lucro das montadoras.
Com o preço médio de um carro novo nos EUA já elevado, as tarifas podem aumentar ainda mais os custos para os consumidores. Estima-se que o preço médio de um veículo novo suba cerca de 7%, o que representa um acréscimo de aproximadamente US$ 3.600. Este aumento pode estabelecer um novo recorde nos preços dos automóveis no país.
Como as montadoras estão se preparando?
As montadoras enfrentam um dilema: repassar os custos adicionais para os consumidores ou absorver o impacto nas margens de lucro. Segundo a Bernstein Institutional Services LLC, as tarifas podem custar às montadoras cerca de US$ 6.700 por veículo, totalizando US$ 110 bilhões anuais. A Ford e a GM, por exemplo, podem ver seus lucros antes de impostos ou juros caírem em até 30%.
Algumas empresas, como a Stellantis, podem ser menos afetadas devido à alta concentração de peças fabricadas nos EUA em seus modelos produzidos no México. Já a Tesla, com suas fábricas localizadas nos EUA, deve sentir menos o impacto das tarifas. Entretanto, fabricantes de veículos elétricos menores, como Rivian e Polestar, podem enfrentar desafios significativos devido às suas cadeias de suprimentos internacionais.
Quais serão os efeitos no mercado automotivo?
O impacto das tarifas não se limitará apenas aos preços. As montadoras precisarão ajustar suas cadeias de suprimentos e instalações de montagem, um processo que pode levar de 12 a 36 meses. Durante esse período, espera-se uma perda significativa de receita, semelhante ao que ocorreu durante a escassez de semicondutores entre 2020 e 2022.
Se as montadoras optarem por repassar os custos aos consumidores, espera-se uma redução de 10% no volume de vendas. No entanto, veículos de luxo e picapes grandes podem continuar a vender bem, mesmo com preços mais altos, devido ao seu público-alvo específico. Por outro lado, SUVs menores e carros compactos, como o Toyota RAV4 e o Honda Civic, podem sofrer quedas de volume de 8 a 11%.
As tarifas afetarão outros mercados?
Além dos EUA, outros mercados também podem sentir os efeitos das tarifas. A União Europeia, por exemplo, já impõe uma tarifa de 10% sobre carros importados dos EUA, além de um IVA adicional de 20%. Embora haja propostas para reduzir essa tarifa, as tensões comerciais podem persistir.
No Brasil, veículos produzidos no México, como o Ford Bronco Sport e a picape Maverick, são beneficiados por um acordo de livre comércio. No entanto, se as montadoras decidirem mudar suas linhas de produção para os EUA ou repassar os novos impostos para outros mercados, os preços desses modelos podem aumentar.
O futuro das montadoras nos EUA
Com a implementação das tarifas, as montadoras nos EUA enfrentam um futuro incerto. A necessidade de ajustar suas operações e estratégias de preços será crucial para manter a competitividade no mercado. Enquanto algumas empresas podem se adaptar rapidamente, outras podem enfrentar desafios significativos nos próximos anos.
O cenário automotivo nos EUA está prestes a passar por mudanças significativas, e as decisões tomadas agora terão impactos duradouros no mercado. As montadoras precisarão equilibrar cuidadosamente suas estratégias para garantir a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo.