Paris, a icônica Cidade Luz, está passando por uma transformação significativa em sua infraestrutura urbana. A administração municipal, liderada pela prefeita Anne Hidalgo, tem implementado medidas para reduzir o uso de automóveis e promover um ambiente mais sustentável e seguro para pedestres. Recentemente, um referendo popular aprovou a proposta de fechar cerca de 25 ruas em cada um dos 20 distritos da cidade para o tráfego de veículos, ampliando as áreas exclusivas para pedestres.
Essa iniciativa faz parte de um esforço contínuo para melhorar a qualidade do ar e criar um espaço urbano mais agradável. Atualmente, Paris já conta com cerca de 220 ruas onde o tráfego de automóveis é proibido. Com a nova medida, espera-se que uma em cada dez ruas da capital francesa seja destinada exclusivamente aos pedestres, incentivando uma convivência mais harmoniosa entre os habitantes.
Quais são os impactos das mudanças no trânsito de Paris?
As alterações no trânsito de Paris não se limitam apenas ao fechamento de ruas. A cidade também está eliminando vagas de estacionamento, com a previsão de perder até 10 mil vagas nos próximos anos. Desde 2020, outras 10 mil vagas já foram removidas. Essas mudanças refletem uma tendência de queda no uso de automóveis na cidade, onde apenas um terço dos domicílios no centro possui um carro.
Além disso, a velocidade máxima permitida em toda a cidade foi reduzida para 30 quilômetros por hora, e o anel rodoviário Boulevard Périphérique teve seu limite de velocidade diminuído para 50 quilômetros por hora. Essas medidas visam não apenas reduzir a poluição, mas também aumentar a segurança nas vias urbanas.
Como Paris está se tornando uma cidade mais verde?
Anne Hidalgo tem sido uma defensora do conceito de “cidade de 15 minutos”, onde os residentes podem acessar serviços essenciais a pé ou de bicicleta em um curto espaço de tempo. Desde 2020, Paris criou 84 quilômetros de ciclovias e planeja se tornar totalmente adaptada para bicicletas até 2026. As margens do rio Sena foram transformadas em zonas de pedestres, agora frequentadas por ciclistas e corredores.
Apesar dos avanços, Paris ainda está atrás de outras capitais europeias em termos de infraestrutura verde. Apenas 26% do território parisiense é composto por áreas verdes, comparado à média de 41% das capitais europeias. No entanto, a cidade continua a investir em espaços verdes e na promoção de um ambiente urbano mais sustentável.
Quais foram os desafios enfrentados nas mudanças urbanas?
As transformações urbanas em Paris não ocorreram sem desafios. A participação popular nos referendos tem sido baixa, com apenas 4% dos eleitores participando do mais recente. Medidas como o banimento de patinetes elétricos compartilhados e o aumento das taxas de estacionamento para SUVs também enfrentaram resistência. O estacionamento para SUVs na Paris central agora custa 18 euros por hora, uma tentativa de desestimular o uso desses veículos que ocupam mais espaço e emitem mais poluentes.
Apesar das dificuldades, a administração de Hidalgo continua comprometida com a visão de uma Paris mais verde e sustentável. As mudanças implementadas refletem um esforço para adaptar a cidade às necessidades contemporâneas, priorizando a qualidade de vida dos seus habitantes e a preservação do meio ambiente.